Wednesday, November 30, 2005

“Quando já não sabemos o que fazer”

Na área transversa da parede
Percorre a linha infinita
De um não saber despreocupado
Que percorre um olhar seguro
na busca de um sorriso,
de algo mais belo e mais leve.

Eles riem das transparências
Eles riem das ausências
Eles riem das incompetências
Por eles tudo bem
Nesta instância, porque o transe
do bem estar entre nós.

O Outono vem, caiem folhas verdes
Colhidos os morangos crescem melancias
Mais vale isto que nada
Ou que ter as mãos vazias.

Tuesday, November 22, 2005

Como eu não possuo

Como eu desejo a que ali vai na rua,
Tão ágil, tão agreste, tão de amor...
Como eu quisera emaranhá-la nua,
Bebê-la em espasmos d’harmonia e cor!...

Desejo errado...se a tivera um dia,
toda sem vénus, a carne estilizada
Sob o meu corpo arfando transbordada,
Nem mesmo assim- ó ânsia! – eu a teria...

Eu vibraria só agonizante
Sobre o seu corpo d’êxtases dourados,
Se fosse aqueles seios transtornados,
Se fosse aquele sexo aglutinante...

De embate ao meu amor todo me ruo,
E vejo-me em destroço até vencendo:
É que eu teria só, sentindo e sendo
Aquilo que estrebucho e não possuo.

Mário de Sá-Carneiro Paris- maio 1913

Thursday, November 17, 2005

Mulher


Mulher, nem passiva nem submissa

Livre! Linda! Louca!

Adriana Esberard

Monday, November 14, 2005

Castelo Nu

O som da tinta liberta uma melodia lenta a dois.

Os olhos escondidos evitam a linha directa do querer
ver para nunca mais esquecer.

Relê
Recorda
Relê
Recorda
Relê


Acorda a memória neste castelo nu
Diz o que te apetece
Amanhã pode não haver oportunidade
Vestir este forte, se cores e engenho houver.

È tudo uma confusão
castelo de sons, olhos, recordo...


Não os da ilusão mas aqueles que me deram o pão

Monday, November 07, 2005

Esvai-se o fumo...

Esvai-se o fumo...
numa ponta sacrificada
a calma respirada e inalada
é por mim observada

A bailarina de cinza
com seus braços de vento e fogo
dilui-se na sala

Roubo um sorriso descuidado e imaturo
como este desenho de Outono que prende a minha atenção

Ela de cinza, não para de exaltar os seus movimentos
a caminho de um Céu.

Podia-a ter em meus lábios
E com a calma de um sopro encher-me de prazeres distraídos,
Mas eu estou na voz fina da menina roubada
Estou na tensão de um ritmo acelerado
de pernas que batem ansiosas
por resolver algo que não me interessa
Estou no som da telefonia que murmura
O triunfo do Amor
Estou nas borras do café que acaba
Amargo, vulgar e Frio