Tuesday, January 02, 2007

O lençol imaculado

Não temas o silêncio nem a folha virgem
O lençol está imaculado
Despido de mim
Que neste quarto agora pacífico respiro
Ainda não brindo ao que vejo
Nem tão pouco ao que sinto
Porque está disperso
E ao mesmo tempo fortificado
Numa organização cósmico-celular
Efeito único da Lua
O rebentar das águas
O correr livre dos rios
A propagação de letras
Nos teus canais auditivos
De mãe que és
Que oferece o anticorpo
Para proteger o corpo
Forma sublime
Articulação perfeita
Respirar
Sentir os cheiros
Sentidos Apurados
Por ti pelo outro
Que brinda
Numa explosão ofegante
Ligação violenta ao Mundo
Que te acolhe
E depois te ceifa
Libertação ventral
Do sonho
Queda no real
Simples e Única
O Milagre
O Teu e o Meu
Num lençol imaculado.