Tuesday, January 31, 2006

Pusilâmine

O peso do coração irrequieto é pedra
Dura e afiada talhando abismos
Que monstro este aniquila em mim a virtude
Que mostro este me consome e me agrilhoa
Sei que dói e sufoca
Alimento víboras no meu ninho
Chagas vestidas, lençóis
Sujos os corpos que transpiram esperma de dores
Rasgadas as asas ergue-se a estátua
Dura e afiada mentira dos ventos
A Tempestade aniquila o Sol
Que acorda com o espectro tímido
Cabeça que gira translação eloquente
Vê a luz reflectida numa poça doente
Solitude débil a que tenho horror
Alimenta e vigia
Esta frágil flor.

Thursday, January 19, 2006

MARLeme

MARLeme

Embriaguez terrível esta que tenho no coração
O barco navega à deriva
Não vai na minha direcção
Os remos
Os remos
Ai os remos que os perdi
Na luta por uma canção

Não enxergo o porto
Em breve estarei morto
Se insisto nesta lamentação

Praia serena com aves diferentes
E eu sem remos perdido das gentes

O verde das almas alimenta-me
Mas não abunda
Neste Mar de pranto
Triste Mergulho
Onde está o meu encanto?

Uma flor nasceu na proa
Deste barco sem substrato
Caiu à água
A minha mão já não a alcança
Sem remos nem aliança.

Monday, January 16, 2006

Caule que quebra

Caule que quebra, seiva chorosa
Deleite de uma ternura simples
A verticalidade de uma lágrima beija
O rosto de um príncipe
Cola a seiva, coalha o sangue?
Pincelada negra disfarça
O azul rasgado
Dilui a continuidade
De um novo Caule