Como eu não possuo
Como eu desejo a que ali vai na rua,
Tão ágil, tão agreste, tão de amor...
Como eu quisera emaranhá-la nua,
Bebê-la em espasmos d’harmonia e cor!...
Desejo errado...se a tivera um dia,
toda sem vénus, a carne estilizada
Sob o meu corpo arfando transbordada,
Nem mesmo assim- ó ânsia! – eu a teria...
Eu vibraria só agonizante
Sobre o seu corpo d’êxtases dourados,
Se fosse aqueles seios transtornados,
Se fosse aquele sexo aglutinante...
De embate ao meu amor todo me ruo,
E vejo-me em destroço até vencendo:
É que eu teria só, sentindo e sendo
Aquilo que estrebucho e não possuo.
Mário de Sá-Carneiro Paris- maio 1913
Tão ágil, tão agreste, tão de amor...
Como eu quisera emaranhá-la nua,
Bebê-la em espasmos d’harmonia e cor!...
Desejo errado...se a tivera um dia,
toda sem vénus, a carne estilizada
Sob o meu corpo arfando transbordada,
Nem mesmo assim- ó ânsia! – eu a teria...
Eu vibraria só agonizante
Sobre o seu corpo d’êxtases dourados,
Se fosse aqueles seios transtornados,
Se fosse aquele sexo aglutinante...
De embate ao meu amor todo me ruo,
E vejo-me em destroço até vencendo:
É que eu teria só, sentindo e sendo
Aquilo que estrebucho e não possuo.
Mário de Sá-Carneiro Paris- maio 1913
1 Comments:
Quem? A Esberarda? Como este gajo anda.
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