Thursday, June 09, 2005

Carpe Diem

Confias no incerto amanhã? Entregas às sombras do acaso a resposta inadiável?Aceitas que a diurna inquietação da alma substitua o riso claro de um corpo que te exige o prazer? Fogem-te, por entre os dedos,os instantes; e nos lábios dessa que amaste morre um fim de frase, deixando a dúvida definitiva. Um nome inútil persegue a tua memória, para que o roubes ao sono dos sentidos. Porém,nenhum rosto lhe dá a forma que desejarias; e abraças a própria figura do vazio. Então, por que esperas para sair ao encontro da vida, do sopro quente da primavera, das margens visíveis do humano? "Não", dizes, "nada me obrigará à renúncia de mim próprio --- nem esse olhar que me oferece o leito profundo da sua imagem!"Louco, ignora que o destino, por vezes, se confunde com a brevidade do verso.

Nuno Júdice

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